quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

JESUS PAZ

Imagem da internet

Não quero falar aqui da natureza humana e da natureza divina de Jesus. Quero falar de Jesus Paz.
Jesus, o sol que nasce do alto, e vem nos iluminar.
Jesus que viveu no tempo de poderosos, quando impostos eram coletados em benefício da nobreza  e da realeza e o povo, a mendigar, vivia sem nada, simplesmente sofrendo com a corrupção.

Jesus, com a sua luz, caminhou com leprosos, mendigos, famintos, excluídos, descriminados, prostitutas, doentes, endemoniados.
E Jesus não os instigava à revolta. Simplesmente cuidava de todos e anunciava a salvação. Ensinava-os a ser bons, honestos, caridosos, alegres, respeitosos, felizes. Ensinava-os a perdoar!

E nas suas caminhadas abençoava.
E o povo o amava pelo que Ele era.
Quando queria orar se recolhia na solidão, quando queria ensinar juntava multidões, quando queria dormir não tinha onde se recostar.

Foi perseguido justamente porque sua paz incomodava. Valorizava aqueles que tinham valor e condenava os opressores. Mas não incitava. Ensinava o amor ao próximo. Ensinava a humildade. Ensinava a beleza da natureza e a beleza humana.

Dizia sempre, segue-me, levanta, anda. Palavras de atitude, de salvação.
E impondo as mãos, curava.

Antes de morrer deixou-nos como herança a Sua Paz e a Sua Mãe.
Mãe, mulher, que vivia no silêncio e no silêncio escutava, e guardava tudo no coração. E no silêncio sofria. E no silêncio conduzia seu filho à paz e à salvação da humanidade.

Dela Ele tudo aprendeu!
Ele a amava acima de tudo, porque seu Pai, o Criador, a havia escolhido.
E Ele aceitava e vivia plenamente as escolhas do Pai.

No amor à família, na missão que abraçou, na sua morte, Ele a respeitava e obedecia como ficou demonstrado na antecipação do Seu primeiro milagre.
Jesus amou profundamente Sua mãe, e seu povo, e nos amou!
Jesus Paz, é o Jesus que hoje deve renascer nos corações.


Alvaro de Oliveira Neto
24/12/2015

domingo, 21 de dezembro de 2014

ESPANTANDO MEUS FANTASMAS - LEMBRANÇAS

Rua 24 de Maio
Eu tinha duas tias avós que moravam na 24 de maio. A Nanan (Maria Matos) e a Titis (Beatriz Matos). Com elas morava meu avô materno, o Papí (Leopoldo matos). E eu curtia passar as ferias na casa delas.
Era uma casa rente a calçada, como antigamente eram as casas, com dois janelões que abriam para balaustres de ferro fundido e uma porta principal que dava para de um pequeno hall de entrada . Neste hall meu avô ficava horas a se balançar na sua cadeira de vime, quando não estava na calçada oferecendo bom-bom para as estudantes que passavam. Ele era viúvo. Minha avó Marinha morreu quando minha tia Helena nasceu. Ele nunca casou novamente, talvez porque não queria abandonar o convívio da irmãs que certamente eram seu porto seguro. Mas isso não impedia que tivesse vários filhos espalhados por essa Fortaleza afora, parentes que nunca conheci. Naquele tempo isso era comum.

Era uma casa com sala de visita, 3 quartos, sala de jantar, terraço, cozinha e banheiro, que ficava no fundo do quintal.
Todos os cômodos eram conjugados com portas que abriam de um quarto para o outro e todos eram ladeados por um corredor com piso de tijolo.
Todos os dias a Titis molhava o piso para varrer. Isso para não levantar poeira. A casa não era forrada, exceto a sala de visitas e a alcova (quarto principal) e as telhas eram sustentadas por linhas e ripas de carnaúba.

As 5 da tarde meu avô sentava na cabeceira na mesa de jantar, que ficava num terraço conjugado à sala de jantar, e se servia de uma sopa regada com um vidro de leite de magnésia cheio de molho de pimenta. Acho que era por isso que ele era tão vermelho.
Tive pouca convivência com o Papí, ele era calado e vivia na sua, sem incomodar ninguém.
Um dia ele morreu, ai apareceram filhos que não conhecíamos querendo resgatar o corpo. O principal era um motorista de Taxi, muito grosso. A mamãe com medo cedeu e nuca mais vimos o Papí.

Vizinho a direita, morava o Raimundo Matos, irmão abastado deles, casado com a Núbia e pai da Valeska e Vladia. A Valeska, casada com o Eusélio Oliveira, era minha madrinha e me chamava de Piluquinha. Mulher bonita, mas temperamental. Lembro-me que quando eles brigavam ela quebrava toda a louça da casa. O Euselio era advogado, intelectual e temperamental tembém. Por isso era que não dava certo. Gostava do comunismo. Gostava de cinema. Gostava da boemia e me ajudava nas dissertações que eu fazia para o colégio. Sempre tirava 10 quando ele me ajudava. Uma delas, lembro-me, chamava-se o sino. Aprendi muito com ele. Convivi com ele até sua morte por assassinato.

Metrônomo Paquet
O vizinho à esquerda era o Dr. Plauto Benevides, casado com dona Madalena, filha da dona Branca que passava os dias sentada ao piano dando aulas. E eu ficava fascinado com aquele som que invadia a calçada e com o compasso do Metrônomo Paquet. Toc, toc,toc, e os alunos procuravam seguir aquele compasso sem erros. Era difícil.
O Dr. Plauto tinha 3 filhos: o Plauto Filho, a Lúcia Helena e a Solange.
O Plauto filho era meu colega de traquinagens. Conhecia todo mundo do quarteirão e me levava para o cinema no Rex. Seriado do Flash Gordon.

Fins de semana íamos jogar bila ou triangulo na casa do Maurício Leal, porque lá tinha um jardim muito grande e gramado, ou bola na casa do Abílio. Eram dois times, o Nuvoia e o Colônia. O meu era o Nuvoia.
Mas eu era desajeitado e muito magro e nunca tinha vez, só corria.
Tinha um caboclo que morava numa oficina de carro vizinho ao Maurício, que tinha o apelido de Grosso. O Grosso logo me colocou também o apelido de Tripila. E eu fui amofinando e não gostava mais de estar no meio. Era muito gozado pela minha magreza.

Depois da casa do Dr. Plauto tinha a casa do Alvaro Wayne, casado com a dona D. Maria José. A tardinha ela se arrumava toda, com o rosto cheio de pó de arroz e os lábios, já enrugados, pintados de batom vermelho. Ela vinha caminhando da sua casa, pela calçada, até a casa das minhas tias. Sentava numa cadeira de balanço de vime e a conversa ia até o fim da tarde, quando todas as famílias se recolhiam às suas casas. Entre 6 e 7 da noite todos já estavam dormindo para acordar no outro dia no romper da aurora.
D. Maria José tinha uma neta que era minha amiga. A Estezinha. Ela tocava piano e era meio intelectual. Pense numa criança intelectual? Mesmo assim íamos brincar na casa dela, que era a maior do quarteirão, com o Jabuti, que se arrastava pelo jardim ou sob os pés de sapoti.


Maracatu
No carnaval, a rua 24 de Maio era assaltada pelos blocos de Maracatus e eu, nos meus 5 a 7 anos corria com medo. Eles vinham, todos, com as caras pintadas de preto e isso era amedrontador para as crianças.
Vinham naquela batida lenta, num compasso batendo os pés no calçamento e tudo virava festa.

Flashes da minha infância que passou sem causar traumas.
Tudo era muito infantil e sem maldade. Tudo era muito inocente.
Depois que saí de lá, nunca mais voltei ao passado e todos estes fantasmas ficaram adormecidos.

Os tempos passam como o vento, ora sopra de um lado, ora do outro, e vai passando sem que nada os faça parar.



Alvaro de Oliveira Neto
21/12/2014

domingo, 24 de março de 2013

IMAGENS EM CONTRADIÇÃO


Cruzamento da Av. Barão de Studart com Av. Abolição (anos 50)


Delicio-me com as imagens que recebi do Carlos Juaçaba. Retratam os anos da minha infância, distante, não esquecida.
Quando eu ia pegar carretilha na praia dos Diários e jogar pelada na areia da praia!
Quando eu ia caçar passarinho no cajueiral onde hoje está erguido o Palácio da Abolição!
Quando eu ia soltar arraia no campo do América!
Tudo era tão calmo e belo no meu Meireles!

Interessante que lembro de detalhes da minha infância, como não lembro do que aconteceu ontem. O tempo não perdoa! E não perdoou também a ingênua paisagem que desmoronou com o câncer da intervenção urbana.
Tenho um grande amigo que está estudando, em profundidade, a arquitetura do medo nesta área. Fui buscar alguma informação e descobri que a Vila Johnson, obra de Oscar Niemeyer em Fortaleza, de 1942, já veio como uma fortificação indevassável, ostentando muro de pedra altíssimo.
Será que o rei da cera de carnaúba já tinha medo do seu em torno?
Pobres pescadores e prostitutas que lhe circundavam a casa. Em nada se comparam com as violentas gangs da modernidade.

Eu vivi aquele tempo e confesso que nunca vi nem ouvi falar em droga pesada. O mundo já tinha, mas não existia os meios de comunicação modernos e as notícias caminhavam lentamente. Nos vivíamos a nossa realidade simplesmente.
Nada de concreto armado, nada de cabos de fibra ótica, nada de asfalto cruzando todos os caminhos. Tudo era natureza na nossa Fortaleza que naquele tempo era realmente bela.

Contrapondo a beleza da fotografia que recebi do Carlos Juaçaba quero mostrar o que hoje existe no mesmo local.
Cruzamento da Av. Barão de Studart com Av. Abolição (2013)

Sem comentários!


Alvaro de Oliveira
Fortaleza, 24/03/2013

quinta-feira, 7 de março de 2013

O LAMENTO DO BEM-TE-VI

Fotografia e Arte: Kuarup Mawutzinin



Um símbolo da minha infância, o Bem-Te-Vi. Ícone cativo do tempo que se desfaz como vento sem rumo, sem canto a chegar.
Cantor de lamentos repetidos nas galhas do cajueiro nativo a encantar o primeiro ente cativo da beleza no seu passar.
Somente lamentos cantava e mesmo assim era muito lindo!
Era muito lindo desfrutar da pureza daquele pássaro que chorava a solidão, num repetido frasear, como o lamento do nordestino que chora como se tudo viesse a se perder, passar, secar no implacável Sol do meu Ceará.
Sem dó, sem Deus, sem liberdade, sem aconchega no coração. Canção lamento, que se repete sem cessar e compete com tudo o que desperta recordação.
Ontem o lamento fez-se presente no meu olhar, que ausente da folhagem verde do cajueiro, não viu o tempo passar contrastante com os pendúculos vermelhos; fez-me bater a emoção!
É lindo! É muito lindo! Uma gota de lágrima correu-me na face com a dor do Bem-Ti-Vi cantor, tentando contar no seu cantar, uma história de amor à natureza perdida no verde do cajueiral.
Perderam-se valores de uma eternidade que os olhares dos meus netos não mais vão desfrutar, nem seu corpo tocar, nem seu olfato sentir, nem seus ouvidos escutar.
Restaram somente telas anônimas, entrelaçando muros divisores, impregnados de mofo, uma prisão aberta, somente lembranças desertas, incompletas, uma oração quase perdida...




Alvaro de Oliveira
Fortaleza, 07/03/2013

domingo, 3 de março de 2013

GOTAS DE CRISTAL



Olhei pro céu e vi as estrelas!
Um manto negro, estrelado, insondável, infinito, a imagem da eternidade.
Tentei contá-las, impossível!
Incansável, me cansei e pensei na estrada que se alongava até o horizonte perdida na escuridão da noite. Somente a Lua ponteava a superfície lisa dos cactos na caatinga estéril.
Noite de lua é noite de céu limpo. Noite de Lua cheia é noite de caminho claro, de buscas, de abalos e sons discretos no mato. De calango que passa, mexendo com as folhas de cajueiro, secas, perdidas no chão. De corujinha que passeia em busca de caça, desgraça dos besourinhos, equilíbrio da natureza.
Abro meus braços e entro em prece. Umas infinidades de estrelas perecem, outras parecem olhos que perscrutam minha alma; acalma meu ser.
Acalmo!
Vejo a infinidade de estrelas e imagino o que se passa em cada uma delas.
Será que mentes, nestas gotas de cristal, também estão a pensar em mim?


Alvaro de Oliveira
Fortaleza, 03/03/2013

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

REFLEXÕES SOBRE O DIA DE NATAL


Crianças no lixão... num dia qualquer de Natal.


Hoje, quando eu voltava do Shopping,
onde presenciei milhares de pessoas se acotovelando nas compras, no consumismo, se endividado;

Hoje, quando eu voltava do Shopping,
observando as ruas repletas de crianças pobres, paradas nos sinais de transito a pedir esmola, sem pais, sem nem mães, crianças nuas, de rua;

Hoje, quando eu voltava do Shopping,
uma amiga nos telefonou para contar que tinha sido assaltada as 11 horas da manhã na avenida Beira Mar em Fortaleza, levara vários murros na cara e o namorado uma facada na fronte, tudo porque não tinha bens nem dinheiro;

Hoje, quando eu voltava do Shopping,
pensava nas milhares de pessoas esbanjando dinheiro em suas farras, em suas festas natalinas, com presentes;

Hoje, quando eu voltava do Shopping,
pensava na falta de liberdade dos viciados, dos dependentes de droga, álcool, fumo, dos solitários;

Hoje, quando eu voltava do Shopping,
pensava nas desigualdades, na fome, na dor, na guerra, no clamor de povos oprimidos, nas duas mulheres que morrem por hora no Brasil vítimas de violência dos seus companheiros;

Hoje, voltando do Shopping,
Finalmente, pensei na Família Sagrada.
Na mensagem que esta família, escolhida por Deus, deixou e que ninguém hoje, dia em que celebramos o nascimento de Jesus, lembra-se;
Hoje eu convoco os cristãos, os budistas, os taoistas, os espíritas, os mulçumanos, os judeus, os povos de todas as religiões a se aprofundarem, em reflexão, na verdadeira mensagem do Natal.

Diga um não a tudo o que te aprisiona, vícios que te matam, companhias que te destroem;

Diga um não a você, egoísta, egocêntrico, adorador do vil metal;

Diga um "SIM"... a Jesus...

Segui-lo dói!

Mas é uma dor, que constrói, cujos frutos são como favos de mel...

E que dor maravilhosa é sentir a dor de não estar corrompido pelo mal...

Liberte-se hoje
destas amarra que destroem a sua vida...

Liberte-se hoje
das mentira que você se conta
até que elas tomem conta da sua alma e a façam perecer nas chamas, que consomem tudo o que de melhor você tem... A VIDA!

Aproveite este dia de Natal para se aprofundar nesta reflexão...
É Único!

Sejamos
Mais humanos,
Mais solidários
Mais justos

Começando com você...
Depois...
...o seu pai e a sua mãe
...os seus irmãos
...a sua família
...o seu lar
...os seus parentes
...os seus amigos

E ampliando o círculo
Vá até que ele envolva
Conscientemente
O mundo!


O Natal é o
Despertar para a Humanidade
Despertar para a Solidariedade
Despertar para a Injustiça

Estes foram os
Passos percorridos
Pela Família Sagrada...

Este é o
Jesus Verdadeiro
E que ninguém
Homenageia...



Alvaro de Oliveira
Fortaleza, 24/12/2012

terça-feira, 6 de novembro de 2012

MARIA E O MAR



Eu estava na praia a contemplar o mar. Batia e voltava, batia e voltava, no quebra-mar de pedras, ainda hoje, único monumento preservado naquele pedaço de mar da minha praia. Lembranças!

Eu olhava para o mar e pensava em Maria. De um modo especial, em Maria de Nazereth.
E também pensava no mar!

Dois entes especiais que a natureza divina colocava, naquele momento, no meu caminho para que eu pudesse contemplar a beleza.

Em um eu podia ver, e tocar, e molhar minhas mãos e meus pés. Podia sentir-lhe o calor acumulado nas águas, a leveza de ser água, a liquefação do ter, um corpo inteiro molhado.
Incansável no seu ir e vir, batendo no quebra-mar. O contar com o silêncio de um cantar; era a natureza mostrando toda a beleza do seu inconsciente que nada mais tinha a guardar.

A Maria eu não tocava, não via, não sentia seu calor, nem seu corpo molhado, mas sabia que ela ali estava, do meu lado, como mãe extremosa a me tocar, a cuidar do meu ser, a me apresentar aos anciãos no templo da natureza.

E a água batia e voltava nas pedras do quebra mar cantando sempre a mesma canção.
Por que eu pensava em Maria, se ela não falava, não contava seus argumentos, nem no mar tocava com suas mãos, nem parava pra me olhar? Esta Maria dos meus devaneios era uma Maria muito especial.

Real, irreal, real, irreal, um vai e vem sem causa...

Mas era especial como aquele mar. Calma, mansa, batia e voltava. Era especial! Especial como todas as mulheres escolhidas para serem especiais porque gerariam no seu útero seres especiais, filhos especiais de um Deus especial e que tinha naquelas mulheres especiais a condição necessária para gerar seus filhos especiais.

O mar era especial como Maria!

Dolente, indolente, dolente, indolente, ele era especial e trazia no seu útero o liquido amniótico, alimento da natureza, idêntico ao liquido do útero de Maria e de todas as Marias especiais com filhos especiais.

Ela sabia de tudo. Do filho especial que teria; sabia até que não poderia evitar esta dor.
O mar não sabe, mas guarda, no seu útero, as batidas nas pedras como batidas de um coração a cantar a solidão.

Eu estava a contemplar e via no mar Maria embalando Jesus no seu vai e vem, vai e vem, vai e vem...

O mar batia nas pedras do quebra-mar e no seu vai e vem era calmo; era como se guardasse tudo no seu coração...


Alvaro de Oliveira
Fortaleza, 06/11/2012